Quantos nomes femininos você citaria se fosse listar os DJs que acompanha na cena eletrônica? Apesar de nem sempre ter sido assim, a presença de mulheres na música, seja por trás das produções ou das pick-ups, tem sido cada vez mais comum e – o melhor de tudo – cada vez mais incentivada pelo público. Mas houve uma longa estrada para que elas chegassem até aqui.
Hoje, nomes como Charlotte de Witte, ANNA, Carola, Amelie lens e DJ Thata vivem a ascensão da atuação de mulheres na música eletrônica, mas essa foi uma estrada que precisou ser pavimentada por muitos anos por mulheres que nem sequer eram reconhecidas como artistas. Vamos relembrar um pouco da história delas na cena e destacar os nomes que estão revolucionando a música eletrônica no mundo!

Um pouco da história delas na cena brasileira
Nos anos 70, mesmo em plena ascensão da disco fever no Brasil, o cenário era praticamente 100% dominado e reservado ao universo masculino. Ao longo de toda aquela década, poucas foram as mulheres que se arriscaram e se entregaram a ousadia da profissão disc-jóquei no país, mas algumas delas enfrentaram o desafio.
Sonia Abreu foi uma das primeiras DJs mulheres no Brasil, e contou a jornalista Claudia Assef, no livro-reportagem Todo DJ Já Sambou, que sofreu muito por ‘invadir’ a profissão até então majoritariamente tomada por homens. Apesar do preconceito, ela provou seu talento ao segurar por dois anos a pista do Papagaio Disco Club São Paulo, uma das discotecas mais famosas da década de 70.
Já nos anos 90, essa lista cresceu. Ganharam destaque nomes como Carla Scalabrini, Nice, Adriana Cicarelli e Andrea Gram, que relatou, também no livro de Claudia, como lidava com o olhar torto de homens quando estava em cima do palco. Um spoiler? Ela respondia com música, mais especificamente, com o que há de mais clássico do tecno. ‘‘Nunca liguei pra cara feia. Várias vezes, eu entrava na cabine e logo juntava um bando de caras de braços cruzados na minha frente. Colocava o som mais pesado que existia e eles ficavam passados.”

Matriarca do techno no Brasil
Considerada a matriarca do techno brasileiro, Andrea foi um dos nomes centrais da cena eletrônica de São Paulo nos anos 90. Foi nessa época que ela criou a festa Club Alien, ocupando espaços inóspitos no Centro da cidade e plantando a semente do que, anos depois, se tornaria a febre das festas em galpões — inspirando movimentos como Mamba Negra, ODD, Voodohop e Capslock. Além de seu papel de vanguarda na ocupação urbana, Andrea também foi fundamental para levar a música eletrônica às periferias de São Paulo e ao interior do estado, o que ampliou e diversificou a cena.
E assim, com coragem, talento e paixão pela música, as mulheres foram tomando o espaço que hoje é revolucionado pelas batidas criadas e apresentadas por elas. Então, já pode anotar os nomes que vamos listar abaixo, porque se você ainda não conhece, está perdendo a oportunidade apreciar música eletrônica de primeira qualidade.
Começando pelas brasileiras…
ANNA
Estilo: Techno, Melodic Techno
Nascida em Amparo/SP, ANNA é uma das maiores exportações brasileiras na cena eletrônica mundial. Começou tocando em clubes do interior paulista, e hoje é presença confirmada nos grandes festivais como Tomorrowland, Rock in Rio, Time Warp e Coachella. Suas produções são lançadas por selos como Kompakt e Drumcode, com uma assinatura sonora considerada hipnótica e poderosa.

Eli Iwasa
Estilo: Techno, House
Eli é um dos nomes mais respeitados da cena brasileira e representa muito bem as mulheres na música. DJ, empresária e curadora, ela é uma força criativa por trás de clubs lendários como Club 88 e Caos, ambos em Campinas/SP, sua cidade natal. Sua carreira de mais de 20 anos mistura house, techno e uma pesquisa musical afiada, sempre conectada com a cena underground.

Badsista
Estilo: Techno, Funk, Experimental
Natural de São Paulo, Badsista é especialista em quebrar barreiras e misturar sons da periferia com a música eletrônica global. Com uma produção afiadíssima e sets que passeiam por techno, funk e beats pesados, ela é uma das DJs e produtoras mais criativas da atualidade.

Aninha
Estilo: Techno e House
Aninha é DJ, produtora, dona do selo AIA e fundadora da agência 24bit. Pioneira no protagonismo feminino da cena eletrônica sulista, é residente do Warung desde os anos 2000, com sets de techno e house, sempre defendendo o vinil como essência da sua arte.

Carola
Estilo: Tech House, Bass House
DJ e produtora brasileira, Carola saiu da periferia de Porto Alegre/RS, para se tornar um dos grandes nomes da música eletrônica nacional da atualidade. Transitando entre o bass house, tech house e future house. Carola foi a primeira mulher brasileira a lançar pela STMPD RCRDS, gravadora do Martin Garrix, e também já teve faixas em selos importantes como Spinnin’ Records e Musical Freedom.

Ekanta Jake
Estilo: Psytrance, Full On
Pioneira do psytrance brasileiro e uma das primeiras DJs mulheres da cena. Fundadora do festival Universo Paralello, ajudou a conectar o Brasil à cena global de trance. Sua carreira começou nos anos 90, e hoje é referência absoluta, inspirando novas gerações de DJs e produtoras. Mãe de Alok e Bhaskar, também DJs, Ekanta é conhecida pela sonoridade do psytrance melódico e que sempre envolve muita conexão com o público.

Altruism | DJ Thata
Estilo: Psytrance, Full On
DJ e produtora brasileira de psytrance, é referência mundial no estilo. Com uma carreira iniciada nos anos 2000, ela já tocou nos maiores festivais do planeta, como Boom, Ozora e Universo Paralello. Seu projeto Altruism é conhecido pelas batidas e grooves envolventes e melodias psicodélicas. Thatha e Ekanta são, sem dúvidas umas das maiores vozes das mulheres na música psytrance global.

Mulheres de sucesso global
The Blessed Madonna | EUA
Estilo: House, Disco, Techno
Criada na cena underground de Chicago, The Blessed Madonna se tornou uma das DJs mais influentes da música eletrônica. Defensora da inclusão na cultura clubber, ela é conhecida por sets ecléticos que transitam entre house, disco e techno. Além de remixar nomes como Dua Lipa e Robyn, sua energia e autenticidade a carregaram dos clubes intimistas aos maiores festivais do mundo.

Nina Kraviz | Rússia
Estilo: Techno, Acid, House
Nina Kraviz é uma das DJs e produtoras mais respeitadas do mundo. Com formação em odontologia e uma paixão de longa data pela música, ela emergiu da cena underground de Moscou e ganhou projeção global na década de 2010. Seu estilo é hipnótico e ousado, misturando techno com toques ácidos e experimentais. Além de DJ, é dona do selo трип (Trip), onde lança produções próprias e de outros talentos da cena.

Charlotte de Witte | Bélgica
Estilo: Techno, Acid Techno
Charlotte começou a tocar com 17 anos na Bélgica e rapidamente chamou atenção com sets sombrios e intensos. Originalmente conhecida como Raving George, ela adotou seu próprio nome e virou uma referência mundial no techno. Com passagens marcantes em festivais como Tomorrowland e Awakenings, Charlotte é uma verdadeira embaixadora do som pesado e industrial.

Amelie Lens | Bélgica
Estilo: Techno
Antes de se tornar DJ, Amelie trabalhou no mundo da moda. Sua entrada na música foi avassaladora: em poucos anos, ela saiu de festas locais para os maiores palcos da cena global. Conhecida por seu carisma, energia contagiante e uma conexão profunda com a pista, Amelie também comanda o selo Lenske, dedicado a novos talentos do techno.

Ellen Allien | Alemanha
Estilo: Techno, Electro
Figura histórica da cena berlinense, Ellen Allien é DJ, produtora e fundadora do lendário selo BPitch Control. Ela ajudou a moldar a cena de Berlim pós-queda do Muro, levando seu estilo autoral e energético para as pistas do mundo todo. Ellen é conhecida por seu som experimental e por explorar as fronteiras entre techno, electro e avant-garde.

Peggy Gou | Coreia do Sul
Estilo: House, Techno, Disco
Peggy Gou é um verdadeiro fenômeno da música eletrônica atual. Nascida na Coreia do Sul, mas residente em Berlim, Peggy mistura influências asiáticas, house clássico e batidas modernas em seus sets e produções. Com hits como “Starry Night”, ela transcendeu as pistas e se tornou uma figura cultural global, com sua própria marca de moda e forte presença nas redes.

Essas artistas não só trouxeram inovação sonora para a cena eletrônica, mas também desafiaram normas e preconceitos, tornando-se referências para as gerações futuras. Hoje, vemos a multiplicação de mulheres dominando as pick-ups e as produções, quebrando barreiras e trazendo frescor à cena.
Portanto, ao pensar na música eletrônica contemporânea, é impossível não reconhecer o impacto dessas mulheres. Se você ainda não conhecia essas artistas, agora é a hora de acompanhar e celebrar o talento feminino que está moldando o futuro da música. Quem sabe a próxima estrela que você vai acompanhar será uma delas? Ou, então, quem sabe você não se torne o novo nome das mulheres na música eletrônica…
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